Família de rua
Não existe casa na rua.
A rua não tem portas.
Nem paredes, nem janelas,
Nem teto, nem nada, só chão!
A rua não é um lar.
Crianças são feitas no relento;
Sexo no passeio público,
Sem pudor, sem privacidade.
São geradas no sereno,
No frio, na lama, na maloca.
E nascem num camburão,
Na estação, na emergência
Na porta da igreja.
Coisas do dia a dia familiar
Defecar sem o outro olhar?
Nem pensar!
Dormir com um olho aberto e o outro fechado,
Às vezes os dois abertos,
Às veze só dormir só com a luz do dia!
A noite só insônia e loucura,
Andar por ai a noite inteira.
Carregar a vida nas costas,
num saco, na carroça
A pessoa mora andando
Ou não mora, “desmora”!
(Péricles/ Roberto/ Eduardo (Snoopy)/Bruno/Anderson)