Será que alguém tem dúvidas, hoje, de que a nossa sociedade é artificial? Ao vermos os alimentos enlatados fica claro o quanto ingerimos aditivos químicos. Um perigo. Assim, como é frustrante ver “profissionais da saúde” mandando você beber refrigerantes para emagrecer! Cuidado com essas “dicas”, seu intestino agradece.
Não é diferente nos relacionamentos. Ter 5 mil seguidores não significa dizer que terá a mesma quantidade de amigos. Eles estarão do seu lado apenas enquanto você oferecer a eles o que procuram. Isso certamente poderá ser prejudicial a longo prazo. Como ninguém quer mais se magoar, as relações são vazias, efêmeras e desconectadas, apenas como vislumbres sem sentidos repletos de gentilezas repetitivas.
Porém, essa condição não é nova. Nem surgiu no século XXI ou mesmo XX. É bem mais antiga. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) dizia que a sociedade não tem nada de natural, tudo é artificial. Ou seja, o referido filósofo, no século XVIII, já estava chamando a atenção para a forma como nos relacionamos uns com os outros. No caso em questão, Rousseau direcionava seu foco para a dinâmica da relação servil em comunidade. Ou seja, na crença de que o homem nascia bom, puro e em meio a vida simples, o qual perdia tudo isso em nome da convivência coletiva, num estado de leis que deturpava, oprimia e degenerava. A sociedade corrompia.
O filósofo em questão acreditava que as relações eram propositadamente frívolas, na medida em que era preciso se encaixar nos parâmetros estabelecidos pela sociedade, agora burguesa. Por consequência, cada um abria mão da vida simples, sem atropelos, uniforme e pura para atender as demandas do capital e da exploração da terra. Mantemos, desde então, essa conduta. A meta do presente texto não é refletir sobre os desafios desagregadores do capitalismo. Por enquanto, vamos refletir sobre como burlar um sistema que foi projetado para fazer você se sentir sozinho, desprotegido para que se adeque ao sistema de valores da nova realidade das mídias sociais – lembre-se: depressão pode ser altamente lucrativa para alguém!
Pesquisas tem comprovado o quanto as mídias sociais podem dilacerar a alma humana, distorcendo a realidade e gerando vazio de valores e sentidos. Você precisa se proteger disso. Evite usar seu tempo disponível somente para focar nas redes sociais. Em meio aos seus trabalhos diários, para cada minuto de interrupção, se levante, dê uma volta, estique as pernas, dê uma volta no quarteirão ou faça pequenos exercícios com as pernas e braços. Esse movimento vai ajudar seu corpo.
Precisamos nos desintoxicar das redes sociais. Você não precisa adentrar ali a cada 20 segundos. Muitos estão parando de seguir as tais celebridades para não recair nas armadilhas das futilidades. Use essa rede de forma inteligente. Por exemplo, no meu, caso sigo o que é de meu interesse profissional, acadêmico, e pessoal. De forma alguma sigo a celebridade do momento, não importa o quão relevante ou esdrúxulo ela seja.
Inquestionável, hoje, não nos imaginamos sair de casa sem telefone. Da mesma forma, sabemos do perigo dos assaltos. A saída me parece é ter um telefone simples e velho – que a maioria tem guardado – para saídas que exigem andar na rua. Neste aparelho não coloque redes sociais. É para emergência. A meta é se conectar com o mundo real ao seu redor. Cumprimente as pessoas na rua… Pare para ver vitrines… Caminhe pelas praças… Troque palavras gentis com as pessoas… Se fotografe para você ver sua trajetória de si mesmo, sem medos e julgamentos. use o telefone como um diário de campo sobre si… O nome disso é autocuidado.
Não acredito na premissa que determina ser 100% produtivo a cada segundo. Mas, é preciso saber usar as redes sociais de forma inteligente. No caso, quando agrega valor. Vejo, sim, vídeos de pessoas que ensinam algo, desde que contribua para meu bem estar e que eu possa aplicar na minha vida de forma saudável. Caso contrário, viva e deixe viver!
Foto de capa por Vlada Karpovich de Pexels.