A resistência das mães atípicas – Parte II

Em um texto publicado anteriormente, abordei a questão dos desafios enfrentados pelas mães atípicas. Nele, destaquei a necessidade da união das mães para que possam encontrar apoio umas nas outras. Entretanto, para escrever o primeiro texto, li uma reflexão de Paula Ayub, publicada em 2022 no site “Canal do Autismo”, que me deixou bastante impactada.

 

Fiquei profundamente impactada com a notícia publicada no Canal do Autismo, relatando que 78% das mães com filhos com deficiência são abandonadas por seus maridos. Isso reforça a dura realidade que vejo diariamente estando em grupos de mães: essas mulheres enfrentam uma solidão devastadora e uma sobrecarga quase insuportável. O abandono que elas sofrem não é apenas físico, mas também emocional e social, deixando-as com uma rede de apoio muitas vezes insuficiente e descompromissada.

 

As mães atípicas, muitas vezes isoladas e invisíveis, carregam uma força extraordinária para continuar lutando por seus filhos e por si mesmas, mesmo quando o mundo parece desmoronar ao seu redor.

 

Paula Ayub destaca o dia a dia exaustivo dessas mães, comparando o estresse contínuo ao de soldados em combate. Esse nível de estresse constante, como ela menciona, tem consequências graves para a saúde física e mental, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e câncer. Na minha prática, vejo claramente a necessidade urgente de cuidar de quem cuida.

 

A falta de suporte adequado, mencionada na notícia, aponta para a urgência de campanhas de conscientização sobre empatia e solidariedade. É essencial que vizinhos, familiares e profissionais de saúde se mobilizem para oferecer suporte prático e emocional, permitindo que essas mães tenham momentos de descanso e alívio do estresse diário.

 

Portanto, a mensagem central é clara: a sociedade precisa se unir para criar uma rede de apoio sólida para essas mães. Precisamos de políticas públicas que promovam a inclusão e o suporte necessário, garantindo que essas mães não enfrentem sozinhas os desafios diários. Apenas assim podemos honrar o compromisso de não morrer, conforme a frase da personagem de Conceição Evaristo, de continuar resistindo e vivendo com dignidade e esperança, mesmo diante das adversidades.

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