No último final de semana tivemos a sexta rodada do campeonato brasileiro de futebol 2023 e nela um dos clássicos regionais mais prestigiados do país, Corinthians x São Paulo na Neo Química Arena situada em Itaquera na região Leste de São Paulo. Se em campo a partida acabou empatada fora de campo o Corinthians, mandante da partida, pode acabar multado ou punido com a perda de três pontos, isso devido a torcida entoar cantos considerados homofóbicos e como todos deveriam saber homofobia é crime.
O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente, denunciou o clube de Itaquera que será enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata sobre “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.”
A punição prevista para essa infração é multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Como o ato foi praticado por muitas pessoas, o Código ainda estabelece “perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e, na reincidência, com a perda do dobro do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição.”
No ano passado, também em um majestoso, o Clube de parque São Jorge foi denunciado, porém, fez um pedido de “transição disciplinar”, que foi acatado pelo tribunal. Assim, o Timão se livrou de punição em troca do pagamento de R$ 40 mil.
Além do tribunal desportivo o ministério público de São Paulo também abriu uma investigação, via Gecradi (Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância), que atua na identificação, prevenção e repressão dos delitos de intolerância, preconceito e discriminação contra pessoas ou grupos cometidos, entre eles a homofobia, no estado de São Paulo.
O órgão já havia instaurado inquérito civil para investigar casos de racismo e outras formas de discriminação no futebol paulista e ainda está no aguardo dos clubes paulistas sobre às ações que já existem para o enfrentamento de discriminações nos estádios.
Engana-se que o problema da homofobia seja exclusivo do Brasil e principalmente do futebol no vôlei a seleção brasileira simplesmente não usará mais a camisa 24, pois, os atletas masculinos não a escolhem e olha que no vôlei existem muito mais atletas declarados homossexuais. Na Europa, mais especificamente na França atletas de 3 clubes da primeira e da segunda divisão francesa simplesmente se negaram a apoiar a campanha “Gay ou hétero, todos nós usamos o mesmo uniforme” conta com a utilização de camisetas e acessórios que fazem alusão ao movimento LGBTQIA+.
“Ah mas é muito mimimi!”
“Não aguenta, não vai para o estádio!”
“Sempre foi assim, estão querendo acabar com o futebol e torcedor raiz!”
“É só para desestabilizar o adversário, não é homofobia!”
“Vou chamar de Bicha, de Bambi, de Maria e segue o jogo!”
Foram alguns dos argumentos utilizados por “torcedores” nas redes sociais para defender os atos ocorridos no último domingo que apesar de terem começado antes e ter ocorrido em vários momentos da partida e do clube por meio da locutora e telão pedisse para parar em vão, já que a torcida além de ignorar aumentou ainda mais os cânticos.
Não viram nenhum problema em continuar até porque quase todos os casos de homofobia na sociedade não dão em nada mesmo, desta vez seria diferente por qual motivo, afinal somos o país que ao mesmo tempo que mata mais LGBTQs no mundo somos também o que mais consome pornografia desse tipo.
É hipocrisia que fala? Não sei dizer a resposta, mas acredito que dessa vez o clube deve ser punido com algo mais do que uma multa, talvez assim os torcedores vejam que o mundo mudou e que é necessário acompanhar essa mudança, pois, vestimos todos a mesma camisa e respeito é para todos!
Foto de capa retirada de PGG/Icon Sport
Respostas de 2
Importante reflexões. A discriminação está presente e é retroalimentada diariamente em nossos diversos espectros da vida. Combatê-la é nossa meta!
Vôlei e Basquete tem jogadores que até se adiantam em atrelar demonstração de afeto de colega, que comenta que “o ama” a amizade! Eu percebo que o “avanço” da homossociabilizacao em nossos dias, fez diminuir o conceito de conjugal inerente a reprodução! Já li noutro site sobre conflitos conjugais em relacionamentos homoafetivos e a gente sabe que aquele “mimimi” de ignorar o anus como sexualizado já anda “enfraquecido”, afinal sempre digo que o pênis é igualmente “multifuncional” 🙂