Não sai de casa, não sai da cabeça,
não sai do teclado, não sai da tela,
não sai do papel.
Poema da manhã sem sair da cama
tem poucos raros cigarros.
Atrás dos poucos e dos raros
se esconde.
Poema da manhã sem sair da cama
não é fato, não é evento.
Efeito do desalinho do tempo
é lençol, fronha, cobertor, colcha.
Poema da manhã sem sair da cama
cai concha abstrata donde o poeta
se indaga.
A seguir dedos, pelos, pentelhos
monte de Vênus.
Poema da manhã sem sair da cama
trepa no tempo.
Fração infração distribuindo alimento
no delito de não chegar a ser feito.
Lobo, cão, raposa.
Simultaneidade do bicho da seda.
Foto de capa por Kristin Vogt em Pexels.