Chainsaw Man e a Eterna Insatisfação Humana

Quando comecei a ver Chainsaw Man o que eu esperava era um shonen básico de lutinhas e porradinhas sem fim, afinal era essa a premissa que eu via no pouco que ouvi e li sobre a obra, mas ao terminar o primeiro episódio eu acabei vendo uma reflexão interessante que não sei dizer se pauta a obra toda, mas que até o momento eu vejo com muita ênfase em certas partes do anime.

Primeiramente é melhor que eu conte um pouco da história, e adianto que teremos alguns spoilers, então senão quiser saber de muita coisa eu recomendo ir conferir os 5 episódios da obra que está em andamento. Denji é um miserável, seu pai se suicidou e deixou para ele uma dívida gigantesca com a Yakuza, máfia japonesa. 

Ele vive com um demônio de estimação chamado Pochita, que o ajuda como exterminador de demônios e em outros trabalhos que ele faz buscando zerar sua dívida, mas a realidade é uma só, ele está vivendo em uma situação de extrema pobreza. Tudo muda quando ele morre e tem seu corpo trago de volta a vida por Pochita, que se sacrifica em prol de Denji e tem como um único pedido algo relativamente simples, que o jovem viva seus sonhos.

                                                              O jovem Denji e Pochita
 
Esse é o gancho que quero pegar aqui. Por viverem em extrema pobreza, a dupla principal por muita das vezes tem muito pouco para se alimentar, vivendo de uma fatia de pão por dias, então um dos sonhos iniciais do personagem principal é poder tomar café da manhã e nesse café ele poder desfrutar de um delicioso pão com geleia.
 
Quando atacado por um demônio que transformou todos os Yakuzas para quem ele devia em zumbis que o retalharam, Denji volta a vida como um meio humano, meio demônio, mas o ponto ao qual quero chegar é o monologo em que ele comenta sobre como aquelas pessoas já tinham de tudo na vida e ainda assim continuavam desejando mais, em paralelo enquanto morria ele pensava sobre como talvez sua ganância por um café da manhã não acabou fazendo com ele próprio não aproveitasse melhor sua vida com Pochita que também estava prestes a morrer ali.
 
A conclusão dele é de que não existe nada de errado em desejar coisas, já que aquelas pessoas que ele acreditava terem tudo ainda continuavam insatisfeitas então agora em sua nova vida era exatamente o que ele iria fazer, tentar realizar todos os seus desejos.
 
Ao exterminar todos ali ele tem seu primeiro encontro com aquela que mudará sua vida, Makima, a chefe de uma das divisões de caçadores do governo e que quer colocar Denji em uma unidade especial.
 
                                                                             Makima-san

Makima é uma das personagens mais interessantes da trama, ao mesmo tempo em que parece gostar de Denji, ela é extremamente ameaçadora sem precisar usar muito mais do que palavras, mas o seu ponto alto está em sua característica principal, Makima sabe como ninguém explorar os desejos daqueles que ela quer usar.

Tanto Denji, quanto seu superior em comando Aki Hayakawa, assim como também manipula a infernal (Um demônio ao tomar o corpo de um ser humano é chamado assim) Power, o demônio do Sangue.

Makima é ótima porque sempre consegue o que quer, mas sempre opta por explorar os desejos sem fim das pessoas que a cercam, nisso Denji é uma presa fácil para a chefe.

Bom, mas e a insatisfação da qual eu falei aparece em outros pontos da trama? Com toda a certeza. Pegamos de exemplo Aki, quando Denji mata um demônio de forma rápida e indolor, Aki se queixa de que isso não é o suficiente para ele e fica furioso ao ver que Denji não o matou de forma lenta e dolorosa, ou seja, para ele a derrota do demônio não foi o suficiente, ele ainda queria mais.

O próprio Denji quando decide que seu mais novo objetivo é pegar em peitos (Quem sabe um dia eu entro no mérito dessa erotização em mangás, mas hoje vou só passar por cima para não perder foco), quando consegue concretizar percebe que a expectativa era imensamente maior do que a realização, e mesmo quando promete guardar seu corpo e virgindade para a sua manipuladora chefe Makima, não hesita quando lhe é ofertado um beijo de língua por outra mulher. Ou seja, os humanos na trama precisam sempre desejar algo para tentar preencher o vazio da vida, porque sem isso a vida perde sentido.

                        Power e Miauzinho, seu gato de estimação

Mas fecho esse texto com a parte que mais me intriga sobre o tema. A única personagem que parece de fato satisfeita com o que tem apesar de reclamar constantemente de algo é a demônio Power. Ou seja, em uma história cheia de humanos, a única pessoa que não tem ganância nenhuma é um demônio que tem em um gatinho, o Miauzinho, todas as suas realizações e está contente com o que tem. Vai entender.

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