Chegando na fatídica época em que passamos da casa dos 20 e tantos anos para os 30 e uns quebrados, cada dia a mais se torna um dia a menos.
A gente precisa ao menos saber dirigir, ter um carro, uma casa ou um apartamento, ser bem pago e amar fazer o que gosta, além de fazer exercícios, formar casal e manter aceso o fogo no cotidiano.
É a tal da pressão para vencer na vida. E vencer na vida não significa mais ter uma Rolex aos 50. Significa fazer tudo, o tempo todo e fazer com que todos saibam que somos bons no que fazemos.
Mais do que nunca, somos pressionados também a salvar o planeta (uma urgência), a comer menos carne, a comprar menos garrafas de água, de Coca, economizar água e energia elétrica.
Mesmo não fazendo parte do clube do “antes era melhor”, é tentador pensar em como era mais simples vencer na vida ou não ligar a mínima para isso décadas e séculos atrás.
O acesso a informação era menor, não se via ou lia gente perfeita falando sobre si o tempo todo.
Não tinha vestibular para prestar nem carro para dirigir.
Não tínhamos escolha entre ovos caipiras e de granja.
Para que ter uma carreira então?
E os exercícios físicos eram feitos de vez em quando e nem era necessário esculpir o corpo nem nada. Tudo orgânico.
Quem se preocupava em quantas calorias consumia, quantas gramas de gordura ou de proteína um bife tem?
Casar e ter filhos era tudo o que importava.
A pressão esmagadora a qual estamos submetidos hoje me faz pensar que precisamos nos distrair constantemente para preencher um vazio existencial.
Assistir filmes e séries, ir ao restaurante, à uma hamburgueria, à piscina, até mesmo tirar férias não é o suficiente.
É como viver na época do “Pão e Circo” séculos mais tarde.
Tudo tem que ter um sentido quando nada mais tem sentido.
Como a gente pode relaxar tendo tanto a fazer por nós e pelas gerações futuras? Como se sentir realizado?
O acesso à informação, a facilidade com a qual realizamos as tarefas hoje e com a qual podemos interagir com tanta gente diferente em todo canto é ao mesmo tempo uma benção e uma maldição.
Viver bem não é mais complicado, é complexo.
Eu não consigo responder como viver bem hoje em dia, ser feliz.
Você sabe? Me conta.
Foto de capa por Towfiqu barbhuiya em Pexels