Boa tarde pessoal, tudo bem com vocês?
No primeiro texto do ano, no meio do olho do furacão Omicron que atravessa as diferentes regiões do país da baguette 🥖 deixando estragos, decidi falar de mim.
Não do Marcelo, mas sim de um gordo em geral que embora não fosse invisível, se sentia assim.
Para quem não sabe, estou emagrecendo desde 2020. Não porque eu não me amava do jeitinho que era (sou), mas por conta de uma doença que vem me assombrando desde final de 2019.
Sou gordo desde a adolescência. Sendo o único gordo da classe no colégio e no liceu, então não era nem cogitado pelos colegas que eu pudesse me apaixonar ou, pasmem, namorar com alguém. Ninguém se interessava por mim e eu também não me interessava por ninguém. Vida seguia.
Apesar das aparências, eu frequentava o Bate Papo da UOL regularmente e encontrava gente que gostava do que via. Tenho certeza que os salões continuam cheios até hoje.
Eu também tinha uma vida sexualmente ativa na época que frequentava a UFSCar, embora não parecesse, viu. (o que era invisível para os meus colegas)
Eu me habituei a não ser notado, a não flertar e não saber como flertar. Diria que eu me acostumei a me contentar com pouco nem a me vestir tão bem.
Foi no Instagram que eu descobri que muita gente gosta de gordos como eu. Que eu me senti verdadeiramente desejado. And I like it 😉
Acredito que não sou o único gordo que não se sentia desejado por muito tempo e de repente descobriu que é uma opção para os outros.
Que ser gordo (e sexy) é apenas normal. Não estou sozinho. Não sou o único a me sentir estranho (eba!)
Querendo ou não, somos todos complexados e não temos aquela autoestima do tamanho do pico do Everest…. Isso afeta todas as nossas relações sociais por tanto tempo, de maneiras tão diferentes. No trabalho, não nós impomos. Nas redes sociais, tiramos foto do ombro para cima. Nos aplicativos, temos sempre que falar que somos gordos, perguntar se tem problema.
Nós passamos tanto tempo nos escondendo que acabamos desaparecendo.
Eu espero que você que está lendo reflita sobre a vida dos gordos ao seu redor.
Quais as diferenças entre o que descrevi e a realidade de quem você conhece ?
Reflita.
E eu me pergunto se o Body Positivity Movement vai ajudar (e se ajudou) os outros gordos a se sentirem confiantes e desejáveis antes que eles cheguem aos 30 anos (como eu).
Cá para nós, é o que eu desejo. Que não sejamos homens invisíveis, mas parte integrante da sociedade como um todo.
Hoje vejo que naturalizar a beleza de corpos gordos em todo lugar é importante, e é isso que eu quero dividir com vocês. Não é só pelo biscoito, é pela melhor qualidade de vida a longo prazo.
Espero que os jovens gordos de hoje se relacionem de maneira saudável, se sintam atraentes, não tenham medo de se apaixonar e de viver romances cinematográficos. Que se vistam bem e que tenham mais opções para se vestir no mercado.
Desejo que você, jovem gordo se sinta amado e que possa amar, de todas as formas. Be yourself
Até a próxima
Foto de capa Arifur Rahman Tushar no Pexels
Uma resposta
[12:34, 13/01/2022] Alex: Achei a sua pergunta muito interessante, sua provocação a respeito do Body Positivity. Para mim, é um movimento de mídia que ainda não teve poder de influenciar na mudança de mentalidade de médicos e outros profissionais de saúde. Assim como não trouxe novas pesquisas sobre a saúde do corpo gordo, não colocou à prova o que já se sabe e se usa nos consultórios para prescrever emagrecimentos, dietas e cirurgias. A positividade do corpo não melhora a acessibilidade. Mas dá visibilidade a pessoas com privilégios que podem lucrar com isso. O adolescente gordo do Ensino Médio com dificuldades de socialização nem sempre é atingido por isso. Parabéns pelo texto, como sempre.