Cuidado, ele está no meio de nós!

Depois de elaborar alguns textos e poesias sobre a pandemia e saudade nesses tempos difíceis, prometi que não escreveria mais sobre esse assunto. Vários colunistas também já relataram sobre o tema aqui. Infelizmente terei que quebrar a minha promessa, pois não aguento mais toda semana descobrir que dois ou três amigos estão contaminados e sofrendo com a covid. Como muitos ainda podem ignorar ou não se importar com algo tão sério mesmo depois de um ano e dois meses?!

Aqueles que mais se protegeram durante toda a pandemia estão se contaminando e pasme – na porta de casa. Parece que depois que as pessoas tomaram a vacina, elas sentem-se poderosas e imbatíveis – mas não são. Os “supostamente” imunizados dificilmente respeitam as restrições, distanciamento e uso de máscara. Apenas uma minoria continua pensando no próximo.

A vacina é a única solução possível para que possamos futuramente pensar em voltar a “normalidade”. Fiquei sabendo de vários vacinados que contraíram o vírus e tantos outros continuam transmitindo. Estamos impotentes e muitas vezes nos revoltamos com tamanha irresponsabilidade das pessoas. Até quando iremos chorar a dor de um amigo ou parente contaminado?! Em que momento nos libertaremos do medo de pegar esse vírus maldito?! Quanto tempo iremos sentir pavor do desconhecido?! Até quando?!

Não há saúde mental que suporte tanto negacionismo e desrespeito à própria vida e ao próximo. Próximo este que poderá ser um parente ou amigo. Muitos devem me julgar por tamanho zelo que tenho com a minha família e com o próximo por estar confinada até hoje. A maioria deve me achar babaca por excesso de cuidados. Prefiro ser imbecil a chorar na porta de um hospital, escolho ser tola e ter a família completa quando tudo isso acabar, melhor ser trouxa e me reunir futuramente com os amigos para comemorar o fim desse apocalipse. A minha babaquice preserva vidas!

Pessoas muito próximas pegaram coronavirus “DO NADA”. Uma pegou ao receber aquela visitinha de alguém em plena saúde (assintomática), outra pegou na porta de casa, devidamente protegida com máscara, ao pagar uma compra da vizinha que faz guloseimas e estava SEM máscara (assintomática). Um grupo de amigos resolveu viajar num final de semana após testarem NEGATIVO na farmácia e dias depois TODOS positivaram. NÃO confiem nesses testes rápidos, não servem para NADA.

Todo dia estamos vivendo um misto de esperança, angústia e tristeza. Diariamente um amigo chora a perda de alguém querido. Há um ano falta ar para algum colega. Semanalmente um conhecido luta solitário em seu quarto para sobreviver. Muitas vezes penso que a grande maioria não se importa mais, acreditam que o vírus está distante deles – mas não está. Está mais próximo do que imaginamos. Ele é sorrateiro, adora uma reunião familiar, um breve encontro entre amigos, um passeio sem máscara ao ar livre, um pulinho no restaurante ou uma visita rápida e inofensiva. O cuidado é coletivo, mas a luta é solitária. Pense nisso antes de quebrar regras ou abrir exceções. Amanhã, o pânico, a tristeza e a incerteza podem assombrar a sua família.

Podem achar que tenho inveja de ver os outros curtindo a vida em meio ao caos e eu não. Achem o que quiser não me importo. Na verdade me importo sim, por isso continuo em casa. Se você pensa isso de quem está se cuidando, sinto muito por você. Lembre-se que cada ação tem uma reação e consequências. Espero que você saiba lidar com as suas inconsequências. Infelizmente não temos certeza de nada. Continuemos fazendo nossa parte. O coronavirus não é Deus, mas está no meio de nós. Cuidemo-nos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *