Viva Dodô e Osmar!

Não me considero uma foliã de carteirinha, mas confesso que adoro carnavalizar entre amigos. Quando era criança, lembro dos meus carnavais no salão do condomínio em que morava, das tradicionais marchinhas, crianças correndo e rolando pelo chão coberto de confete e serpentina. Isso quando as mais endiabradas jogavam confete dentro da nossa boca. Sim, elas existem! (risos).

Conforme essa fase de pular carnaval no salão foi passando, passei acompanhar os desfiles das escolas de samba pela televisão, ficava atenta nas obras de arte alegóricas de Joãosinho Trinta. Assistia com a minha mãe ao concurso de fantasias luxuosas do saudoso Clóvis Bornay no Copacabana Palace. Ficávamos acordadas até de madrugada para ver o pouco que era transmitido do tradicional Gala Gay no Scala. Observava também o movimento dos vizinhos que sempre desfilavam no Sambódromo e carregavam aquelas fantasias imensas.

Há quatro anos pulo carnaval de rua em São Paulo e sempre em cima de algum trio elétrico. O primeiro trio a gente nunca esquece. Foi em 2017 que o “bichinho do carnaval” me picou novamente. Subi aquela escada estreita com o coração acelerado e as pernas bambas. Por um momento pensei: e se isso aqui tombar?! O único tombo ali é das bebidas que derrubamos dançando. Parafraseando a música do Ara Ketu – “Não dá para esconder o que eu sinto por você CARNA, não dá!”. Literalmente o corpo estremece, as pernas desobedecem e inconscientemente a gente dança. É isso!

Na verdade não importa o lugar, o que importa é a festa. Sejam nos salões, clubes, em Olinda, Recife, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Luiz do Paraitinga ou São Paulo. Claro, que tem ano que não estou a fim de bagunça e vou preferir me refugiar e descansar. E está tudo certo também!

Só quem gosta de carnaval entende o que estou dizendo. A gente gosta de abraçar os amigos suados, dar um retoque na maquiagem no meio da rua, compartilhar bebida, plantar bananeira no meio do bloco, cantar até perder a voz, esfolar os pés de tanto dançar e se der para tomar banho de chuva no final, melhor! As purpurinas, confetes e lantejoulas brotam do nosso corpo por dias, não sei onde elas se escondem. Será que é para termos alguma lembrança do que restou?! Tem gente que só lembra da ressaca e nada mais. Ainda bem que sou da turma do funil, bebo, mas não passo do ponto. Melhor assim!

Carnaval é para fazermos o que foge da rotina – caprichar num modelito extravagante, exagerar no glitter, comer cachorro quente no café da manhã reforçado, socorrer o (a) amigo (a) que exagerou na bebida e dividir pizza na calçada na dispersão. Posso acabar num karaokê tradicional no Bexiga ou em algum barzinho da Vila Madá. Talvez um tempo em silêncio para “reiniciar”. A vida é uma festa, viva Dodô e Osmar!

2021. Sem carnaval, sem confete, serpentina. Sem alegria dos amigos, sem trio elétrico, sem batucada e tamborins. Até o Sol resolveu se esconder da Colombina, do Pierrot e do Arlequim. Totalmente sem graça, sem clima. Dizem que ano que vem a festa será maior, porque o ministério do recalque adverte: quando mais purpurina melhor.

Não importa se será em janeiro, março ou fevereiro. Eu sou carnaval o ano inteiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *