Na saída do trabalho me deparei com uma cena de cortar o coração, um gato foi atropelado e ninguém se deu conta, parei pra tentar ajudar, e levar o bichinho no veterinário, infelizmente ele não resistiu, a tutora do gatinho visivelmente abalada disse a seguinte frase “Se eu tivesse trancado a porta mais cedo, ele não teria saído”. Aquilo me deixou de coração partido, eu sou tutor de dois pets e sei o quanto dói perder um. O caso do gatinho repercutiu a semana inteira onde trabalho e nos arredores, comecei a perceber o quanto as pessoas falam de “se” o tempo todo, “se o gato estivesse em casa”, “se o motorista tivesse parado”… e usamos isso pra tudo em nossas vidas, momentos bons e ruins, usamos em assuntos aleatórios como novelas, o “se” está presente em nossos arrependimentos e até em nossos livramentos, lembro de quando sofri um acidente, todos no carro ficaram bem e sem nenhum arranhão, por meses ficamos pensando no “se” que o acidente poderia nos ter proporcionado (“se o carro virasse mais uma vez, se tivesse um penhasco ali…).
Deixamos de olhar para o que aconteceu de fato e passamos a criar situações que poderiam ter ocorrido caso alguma coisa tivesse acontecido de forma diferente, e essas situações nos fazem sofrer, nos deixa ansiosos e nos maltratam mais do que a situação real do que se está vivendo, decidi então não viver de “se” me referindo ao passado, mas viver do que de fato aconteceu, seja bom ou ruim, afinal o “se” não vai acontecer e não devemos nos preocupar com ele, mas sim com a nossa escolha real, nunca saberemos “se” seriamos felizes aceitando aquele convite de casamento quando tínhamos 20 anos, ou “se” seriamos bem sucedido escolhendo outra profissão, outra cidade ou até mesmo “se” estaríamos melhor assim, as coisas aconteceram dessa forma, então temos que aceitar o que veio e mudar o que não nos serve, não acho justo criarmos tantas situações para usarmos o “se” de forma que possa nos machucar, por outro lado vejo o “se” em possibilidades futuras, que sirvam para me abrir a outras oportunidades, pensar inúmeras possibilidades e escolher a que me adequar mais, de forma que eu não pense tanto no “se” que passou mas no que pode vir a acontecer, de forma a não me colocar em situações das quais venha pensar depois.
Agora convido você meu caro leitor a se perguntar, quantas vezes você viveu de “se” nos últimos anos? Isso fez bem ou te deixou para baixo? Viver do agora deveria se o mais importante, e deixar o “se” para situações futuras, que possam nos abrir para novos pensamentos e oportunidades, nos fazendo ter certeza de que tivemos muitas escolhas, mas que escolhemos o que achamos ser o mais sensato para a ocasião, pensamentos de dúvidas podem surgir depois, é claro, mas não pense neles como possibilidades perdidas, pense em como sua escolha foi a melhor elaborada para você naquele momento.
Foto de capa por Andrea Piacquadio no Pexels
Uma resposta
Deixou meu coração quentinho depois de me questionar dos meus “Ses” na vida