Este ano tem sido realmente complicado, não somente pela pandemia, mas por uma série de fatores que tenho pensado nos últimos tempos. Esse mesmo tempo é inexorável e com ele vêm diversas mudanças, físicas e comportamentais, pelas quais devemos aprender a passar. Eu realmente estou em um processo longo de autoentendimento e aceitação. Isso me levou a refletir também como a vida de uma pessoa LGBTI+ é repleta de um eterno prefixo “RE”, pois a todo o momento estamos ressignificando algo. Ressignificando o amor ao outro, o amor próprio, a relação consigo, a relação com a família e o conceito de família, ressignificando o ser LGBTI+. Reaprendendo a afetividade durante as fases da vida. Parece cruel, mas é assim mesmo um fluxo constante de movimento e energia que nos acompanha, isto é bom porque a vida é movimento, mas às vezes nos atordoa e por isso é importante tirar um tempo para pensar. Com a produtividade tóxica que nos é cobrada incessantemente, o tempo para reflexão é cada vez menor e às vezes desestimulado.
E neste momento, neste fim de ano que naturalmente estamos mais frágeis e nostálgicos, parece que tudo se torna exponencial e as emoções vão a mil. “Onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?”.
É a pergunta que tenho tentado responder. Isso me leva a retomar um texto que publiquei aqui recentemente, é preciso aprender a recomeçar. Se o tempo não para, nós tampouco devemos e a vida é este sentimento do absurdo que diante dele nos resta apenas enfrentar. A questão é essa mesma, ser um individuo em constante evolução, crescendo e ajudando outros a crescer, mas às vezes ter aquele Halftime para se cuidar, para pensar e reordenar as energias e recomeçar.
Enfim, acho que este texto é mais um desabafo meu… Desculpem o transtorno, estou em obras!
Por Raphaelly Bueno,
para sua coluna Contraponto
Foto de Luidi Cardoso no Pexels