A quarentena têm sabor de descoberta. E uma delas que fiz recentemente é da série documental de 6 episódios da Netflix “Hot Girls Wanted: Turned On”. Assisti o primeiro episódio intitulado “Mulheres por cima” que documenta a vida e as perspectivas de duas pornografas: a norte americana Holly Randall e a espanhola Erika Lust. Ambas produtoras de filmes pornográficos de alta qualidade e com uma perspectiva feminista. Isso mesmo, você leu certo: FEMINISTA. Ainda não assisti os outros episódios (estou ansioso!).
Não gostaria de enviesar você espectador/a, mas gostaria de salientar para os paradigmas que a discussão desse primeiro episódio me trouxe, de que: em uma sociedade marcantemente capitalista com a nossa, talvez um dos nossos atos políticos mais significativos seja nos tornarmos consumidores/as conscientes.
E o que “tré” tem com “lé”? Tudo, pois a pornografia é sustentada e mantida por uma rede de consumo. Sim, minha/meu caro amiga/o punheteira/o, até mesmo essa pornografia dos “X” vídeos que você se entretém é reiterada pela lógica do consumo.
Assim como consumimos produtos que se tornam poluentes há na pornografia hoje um lixo educacional revestido de caráter erótico, estupros e abusos disfarçados de diversão cujos homens, sim OS HOMENS, sobretudo os cis e héteros reproduzem na vida real. E o que essas vanguardistas estão fazendo é quebrar padrões e devolver ao mundo uma pornografia inclusiva, diversa e igualitária.
Através dessa proposta elas apontam o cinema adulto como um caminho de educação e revisão de comportamentos sociais e sexuais, pois se a arte imita a vida, a vida também imita a arte, e se arte é um instrumento de simbolização da vida é preciso que esteja a serviço de uma sociedade sem opressão.
Despertei sua curiosidade? Que bom! Assista, reflita, consuma pornografia, mas antes de sua punheta amiga pense a quem seu gozo está servindo: a opressão ou a libertação?
Por Sérgio Lourenço
para sua coluna Queer-se.
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