Uma fábula do mundo adulto…

Dica do filme Café da Manhã em Plutão

Gosto de pensar que a minha função aqui na coluna “Minha Vida na Tela” seja trazer dicas de filmes que façam a diferença numa sessão em frente a sua TV. Nem sempre a dica será fácil de ser encontrada em um serviço de streaming, devido a grande variedade e “rodízio” de títulos em seus catálogos (um dos motivos pelo qual eu ainda prefiro ter a minha coleção pessoal de DVDs e Blu-rays). Acredito que o gostoso seja exatamente sair a procura do filme seja no streaming, no YouTube ou em qualquer canto que seja da Web.

O título de hoje me surpreendeu muito porque foi um acaso. Certo dia estava no supermercado (na época em que os supermercados ainda tinham um setor direcionado a filmes em DVD) quando me deparei com uma capa que me chamou muito a atenção. Tratava-se do filme “Café da Manhã em Plutão”… Com esse título bem atípico acabei sendo arrastado para dentro de um dos mais interessantes filmes que já assisti. Elenco primoroso, trilha sonora maravilhosa e uma direção perfeita do sempre ótimo Neil Jordan, que você deve conhecer dos excelentes “Entrevista com o Vampiro”, “Nó na Garganta”, “Valente”, “Fim de Caso” e tantos outros.

A melhor forma de descrever “Café da Manhã em Plutão” é dizendo que se trata de um “conto de fadas adulto”… O filme é leve e gostoso de se ver ao acompanharmos a vida de Patrick ‘Gata’ Braden (Cillian Murphy simplesmente incrível), um jovem morador de uma cidadezinha na Irlanda com um passado bem conturbado.

Patrick é fruto de um relacionamento proibido. Sua mãe o abandona, ainda bebê, na porta da casa do padre Bernard (Liam Neeson), mas Patrick acaba sendo criado por Ma Braden (Ruth McCabe), uma mulher religiosa, repressora e preconceituosa, que não suporta o seu jeito peculiar de ser. Na verdade Patrick é travesti e sofre por não poder se libertar sexualmente, apesar de apreciar usar vestidos e maquiagem desde a infância.

Nesse exato momento já nos afeiçoamos a ele e estamos na torcida para que Patrick consiga dar um rumo em sua vida e, assim como em um conto de fadas, ter o seu final feliz.

Calma, meu querido leitor, a jornada ainda está apenas começando quando o nosso herói decide fugir do colégio católico, sair de casa e partir em busca da sua verdadeira mãe na “maior cidade do planeta” (palavras do próprio protagonista) na companhia de alguns amigos.

Londres é nada menos do que o seu baile encantado. Local em que ele descobrirá o amor, assumirá a sua verdadeira identidade sexual e encontrará a sua tão almejada família. Patrick faz de um limão uma deliciosa limonada e só nos resta pegar a pipoca e o refrigerante para acompanharmos a sua trajetória.

O filme é baseado no romance de Pat McCabe e conta com um figurino deslumbrante que nos remete as décadas de 70 e 80. O filme também tem os pés no chão quando somos guiados nos aspectos políticos e históricos da década de 70 na Irlanda e suas organizações revolucionárias.

A Trilha sonora é impecável e conta com alguns Hits como Sugar Baby Love – The Rubettes, Feelings – Morris Albert, Children of the Revolution – T-Rex, For What It’s Worth – Buffalo Springfield entre tantos outros clássicos.


“Café da manhã em Plutão” foi uma das melhores produções de 2005. No Brasil chegou a ser apresentado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio. Injustamente o filme continua desconhecido por parte do grande público, mas merece ser descoberto e apreciado!

Ficha técnica: Café da Manhã em Plutão

Título Original: Breakfast on Pluto (IMDb)
Direção: Neil Jordan
Roteiro: Neil Jordan, Pat McCabe
Elenco: Cillian Murphy, Morgan Jones, Eva Birthistle, Liam Neeson, Mary Coughlan, Conor McCabe, Charlene McKeena, Seamus Reilly, Peter Owens, Bianca OConnor, Owen Roe, Emmet Lawlor McHugh
PAÍS DE ORIGEM: Irlanda, Inglaterra
Ano de produção: 2005
Duração: 128 min
Gênero: Comédia, Drama
Distribuidora: Sony Pictures

Trailer

Por Alexandre Stábile
para a coluna Meu Mundo na Tela.

Respostas de 4

  1. Que trailer incrível! E essa resenha então?
    Gosto de filmes que nos dão a oportunidade de praticarmos a empatia, a solidariedade e o amor e,de quebra, ainda nos ensina que viver a vida é não usarmos máscaras para uma sociedade julgadora e preconceituosa, mas sim viver verdades porque só ela nos liberta. A pior prisão é aquela que nos acovarda.
    PARABÉNS, querido Alê!

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